sexta-feira, 4 de março de 2011

Cidades do Amanhã

A leitura do clássico livro de Peter Hall (Cidades do Amanhã), obra fundamental que passa pelas principais teorias do planejamento urbano entre os séculos XIX e XX nos traz enorme interesse por levantar, na história das ideias, as principais utopias e projetos que tratam do urbanismo e, nesta tentativa de reconstrução idealizada das cidades, da melhoria da vida das pessoas - através da prática política de um planejamento progressista.





Simultâneo à leitura do clássico, chegam notícias do cotidiano da metrópole paulistana - dos protestos que aconteceram nesta manhã de sexta-feira na estrada do M´Boi Mirim (04/03/2011), principal via de conexão da região de mesmo nome com áreas centrais da cidade de São Paulo.

http://g1.globo.com/vc-no-g1/noticia/2011/03/leitora-registra-protesto-na-estrada-do-mboi-mirim-em-sao-paulo.html

Os ideários de uma cidade planejada estética e funcionalmente para atender aos mais altos desejos humanos, presentes na magnífica obra de Hall, constrastam com o sofrimento cotidiano de contingente significativo de pessoas que vivem nas regiões populosas de São Paulo. Na origem dos protestos desta sexta-feira, encontra-se a exigência por imediata melhoria dos transportes, dentre outros serviços da metrópole.

É interessante observar as declarações de uma das autoridades cobradas pela população - o subprefeito de M´Boi Mirim - que apontam para propostas que trariam, se efetivadas, soluções a médio e longo prazo, como a construção de mais avenidas, pontes e a modificação do projeto do metrô para que chegue ao Jardim Ângela. Respostas que envolvem, como se percebe, a busca por maior fluidez e  conectividade com regiões mais privilegiadas da cidade .

Uma pergunta que se pode fazer é: porquê  ainda se mantém este martírio cotidiano para milhões de sujeitos metropolitanos pela simples, brutal e insana concentração de serviços e do emprego nas regiões mais centrais, obrigando os moradores das regiões periféricas a um deslocamento diário, em péssimas condições, consumindo tempo e recursos preciosos de suas existências?



Por conta da velocidade que a vida adquire na cidade contemporânea, é fundamental e urgente a busca por novas racionalidades territoriais para a prática política de um novo planejamento urbano - pois as velhas e já desgastadas fórmulas e modelos para as cidades já se demonstraram ineficazes, e urge que novas e inteligentes soluções sejam colocadas em prática antes de terem sua data de validade vencida.


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