terça-feira, 8 de março de 2011

Discursos sobre a Natureza 1

Todo verão a história se repete - basta começar a temporada de chuvas para surgirem na mídia explicações pretensamente científicas para os fenômenos do tempo e do clima. É importante conhecer o funcionamento da natureza, mas é bom cuidar para que se evite, em nome das "verdades  científicas", que não sejam produzidas explicações equivocadas.



Há, de parte da ciência, uma busca incessante por modelos explicativos do real. São recorrentes na mídia, para legitimação da informação, usos de partes de modelos científicos, bem como inúmeros exemplos na tentativa de simplificação de problemas complexos. "Tem chovido em alguns dias mais do que o previsto para aquele mês" ou "faz mais calor do que há 50 anos" são, apenas, alguns exemplos.

É interessante a distorção feita ao se colocar a estatística e a previsão como o real, e a natureza como o modelo falho, que merece ser corrigido pela explicação. É importante considerar que há eventos climáticos que são cíclicos como as chuvas que retornam, somente, a cada 30, 50, 100 ou mesmo 500 anos. Ou secas também periódicas. Entretanto, o jornalismo cotidiano parece, forçosamente, ignorar esses eventos que participam de processos maiores, já bastante conhecidos nos meios especializados (laboratórios, universidades, revistas temáticas), em nome de uma didática simplória e temerária.

O discurso jornalístico, apesar de ser importante por alcançar grandes massas e, deste modo, popularizar e valorizar a ciência, muitas vezes, peca por forçar o uso dos modelos em substituição do real. Na verdade, a anomalia não foi o evento climático em si, mas as estimativas e previsões equivocadas, o erro grosseiro dos cálculos, o discurso mal cuidado acerca do funcionamento e das leis da natureza, e a disseminação acrítica  da ideia de produção das verdades científicas que seriam, por princípio, permanentes  e inquestionáveis.

As possibilidades técnicas de monitoramento do clima e do tempo atmosférico (radares meteorológicos, mapas de superfícies de calor, estações climáticas) - dados do novo período tecnológico no qual vivemos - permitem leituras cada vez mais competentes e rigorosas dos eventos climáticos, somados às facilidades de busca por informação de qualidade, e o contato com profissionais qualificados para tratar da questão evitariam tais equívocos, se a intenção for a de informar, e não a de confundir. 

É preciso que a mídia tenha mais critério tanto na escolha dos profissionais convidados a falar para a população, quanto nos usos da ciência, ingênua ou deliberadamente distorcida, colocada como sinônimo de realidade.

2 comentários:

  1. Professor James, bom dia meu amigo! Vi que você está seguindo o blog que eu fiz, mas ele está desativado. Estamos buscando dar vida a outro blog ok. Dê uma olhadinha certo!

    www.iqegeografia.spaceblog.com.br

    site: www.iqegeografia.xpg.com.br



    Grande abraço chefe!!!

    Clayton Ferreira

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  2. Já fui lá grande Clayton! Parabéns pela iniciativa!
    Um abraço,
    James

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