sábado, 26 de fevereiro de 2011

Os Professores-Burocratas

Quando terminamos a graduação e ingressamos na pós muitas mudanças acontecem, na lida com aquele tipo de universidade que pensávamos que conhecíamos. As relações entre os colegas (de corredores, nos laboratórios), o contato com os professores, a própria lida com o trabalho intelectual - tudo se vê transformado nesta nova etapa. No começo, o sentimento de solidão é bastante forte, já que não há, no cotidiano, a convivência direta com aqueles movimentos de massa, como costumava ocorrer no período anterior de nossa formação.

Parece haver um peso maior da estrutura burocrática da universidade em nossas vidas, bem como as consequências das ações pouco inteligentes dos professores burocratas parecem ser mais graves - e na universidade eles pululam aos montes! Para se conseguir uma bolsa, para viabilizar um trabalho de campo, na obtenção de um documento percebemos que boa parte de tudo aquilo que aprendemos, passa ao longe do senso de humanidade desses espécimes.

Hoje, vemos professores que mal acabaram de ser aprovados nos concursos universitários, já disputando cargos, deixando de lado, provavelmente, momentos preciosos de estudo e dedicação à vida intelectual, para saciar sua sede pelo pequeno poder. É lamentável pois, "o grande paquiderme", como nomeou a estrutura burocrática universitária, no passado, o general francês de Gaulle, irá engoli-los. E mastiga-los vagarosamente. E, quando se derem conta, verão que continuam os mesmos de cinco, 10, 20 anos antes - o que é uma tragédia para um intelectual - continuar no passado, enquanto o mundo se transforma velozmente!

Na universidade deveria prevalecer o cuidado com a criação de duas situações - a formação de alunos competentes, e a produção de saber sério, e compromissado com as melhorias das condições de vida e a soberania do país. O resto é acessório, portanto, poderia ser descartado.


Percebemos, cada vez mais, que um dos nós para o Brasil continuar se desenvolvendo, e aprofundar suas transformações, passa pelo conhecimento e pela educação. E nisso, os buro-professores pouco contribuem para modificar o quadro lastimável no qual se encontra a educação brasileira, em todos os níveis.

Há aqueles que, ainda, de forma bastante sagaz conseguem representar, de modo quase caricato, parte das situações existentes na pós-graduação. Humor e inteligência são elementos que combinam muito bem, como podemos ver em parte do conteúdo do seguinte site: http://www.posgraduando.com/

Na universidade, o pensamento sistêmico e as relações de causa e efeito parecem existir apenas nos livros, já que no cotidiano, os processos parecem ganhar vida própria - sempre em prejuízo dos alunos, em cada departamento ou setor. E a fragmentação da instituição aumenta desmesuradamente, dificultando a vida dos estudantes para as questões mais banais.

Li recentemente um texto do professor Milton Santos que tratava de questões como a sede pelo poder e a adesão a modismos na universidade, e o prejuízo a suas funções primeiras - o ensino e a pesquisa de qualidade. Ele também trata deste tipo de professor ao qual faço referência neste post.

Coloco o texto na íntegra (a seguir) para que todos possam aprecia-lo e, dessa reflexão, tirar suas próprias conclusões:



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